Amsterdam para meninas.

Prostitutas se oferecendo em vitrines, drogas sendo vendidas em cafés e hordas de turistas que chegam à cidade atraídos por estas duas coisas. À primeira vista, Amsterdam pode não parecer o destino ideal para mulheres. Mas saindo do lugar comum e se embrenhando um pouco mais pelos lindos canais, é possível descobrir uma cidade com muito de tudo que a gente mais gosta.

Os canais...

...e as suas pontes.

Entre casas e pontes refletidas nos canais,  atracões com um forte apelo feminino.

Para começar os museus. São mais de 50 na cidade. O maior e mais importante, o Rijksmuseum, está em obras de restauração. Ainda assim, é possível ver uma mostra da sua enorme coleção numa exposição chamada ‘The Masterpieces’. Entre alguns dos mais importantes quadros de Rembrandt, você vai encontrar uma linda coleção de Casas de Bonecas. No século XVII, toda senhora rica que fosse mesmo rica mandava construir uma, normalmente à imagem e semelhança da sua própria residência. Longe de ser uma brincadeira, estas casinhas eram um caro e ostensivo hobby e chegavam a custar o mesmo que uma casa de verdade. É divertido prestar atenção nos detalhes, nas cortinas, nas porcelanas e imaginar a vida destas nobres senhoras do passado.

No Keizersgracht, ou Canal dos Cavalheiros, fica um museu dedicado a um dos maiores fetiches de qualquer dama: as bolsas. O Tassenmuseum – ou Museum of Bags and Purses – oferece uma coleção com bolsas feitas desde o século XVI (eu juro que queria uma das mais antigas para mim, feita de couro de cabra, com 18 compartimentos e flores decorativas) até bolsas clássicas Channel e Louis Vitton, passando por formatos inusitados, como  a divertida carteira que imita uma revista dobrada. Até Fevereiro de 2010, está em cartaz a exposição ‘Made in Britain’, com alguns importantes exemplares de design inglês (Vivianne Westwood, por exemplo). De Março a Agosto, será a vez da exposição ‘Leather Loves Crystal’, mostrando o uso dos famosos cristais Swarovski. Não deixe de fazer uma pausa no café, lindamente decorado e com vista para o pátio interior. Sinceramente, não consigo pensar num museu mais mulherzinha.

Detalhe da fachada do Tassenmuseum.

E o detalhe das bolsas.

Dá para acreditar que esta é do séc. XVI?

Mas nem só de acessórios de moda e hobbies extravagantes vive o lado feminino de Amsterdam.  Na Casa de Anne Frank, você poderá conhecer a história desta menina judia que viveu ali escondida por mais de dois anos durante a Segunda Guerra Mundial. O seu drama ficou famoso no mundo inteiro depois que o seu pai publicou o diário que ela escreveu no esconderijo: o famoso Diário de Anne Frank. Infelizmente, Anne morreu no campo de concentração, dias antes deste ser libertado. Uma história triste de uma menina que não teve a oportunidade de chegar a ser mulher e uma visita que ensina e emociona pessoas de qualquer sexo.

Em pleno centro da cidade, outra visita imperdível é o tranquilo conjunto de casas chamado Begijnhof, residências de mulheres (Beguines) que dedicavam suas vidas à religião, principalmente ao cuidado de doentes, mas que não chegavam a ser freiras. Elas faziam voto de castidade e deviam obediência ao pároco local, mas não faziam voto de pobreza nem de clausura, e podiam deixar a irmandade no momento em que quisessem, caso decidissem, por exemplo, se casar. Até hoje as casas são residências de mulheres solteiras. “A maior parte dos bens da Igreja Católica Romana foram confiscados quando Amsterdam se tornou protestante. Mas as Beguines foram deixadas em paz”, conta uma placa informativa. E em paz por aqui se continua. Basta entrar no Begijnhof para ter o prazer de senti-la.

Os prédios, ao redor do pátio.

E a minha obesessão com as janelas da cidade.

Lojinhas, lojinhas e mais lojinhas.

Mas como nem só de museus e história vive uma viagem “mulherzinha”, Amsterdam oferece excelentes possibilidades de compras. Esqueça os shopping centers. Aqui o barato é andar pelas ruas, admirando vitrines e a linda arquitetura da cidade. Na Kalverstraat e na Leidsestraat, você vai encontrar as lojas mais conhecidas, mas o mais gostoso é descobrir as lojas de design, os brechós e as mais variadas lojas especializadas nas ruazinhas mais afastadas do centro.

É o caso das Nine Little Streets. Como o nome diz, são nove pequenas ruas de nomes complicados que cruzam os três principais canais, com lojinhas para os mais variados bolsos e gostos, além de cafés, delicatessens e restaurantes deliciosos. Um lugar para passar o dia e estourar o limite do cartão de crédito.

Uma das Nine Little Streets decorada para o Natal

Mas com um pouco mais de tempo, há muito mais para descobrir: Haarlemmerstraat, Utrechtsestraat,  Staalstraat, Leliegracht e com certeza muitas outras que não lembro o nome ou não tive a oportunidade de conhecer.

Vitrine colorida de uma lojinha no Jordaan.

Todo bom bate-perna tem boas pausas.  Em se tratando do sexo feminino, de preferência, doces pausas.

No De Bakkerswinkel (Warmoesstraat 69), uma padaria num ambiente que mistura casa da vovó com cozinha industrial, recomendo tudo o que já provei do cardápio, em especial o bolo de cenoura e os scones com geléia de limão. Outra opção é o pequeno Gartine (Taksteeg 7), com seu candelabro, sua porcelana chinesa e suas atitudes ecologicamente corretas, como usar apenas ovos das 58 galinhas adotadas no projeto Adopt a Chicken, em que você recebe os ovos das galinhas em troca de financiar uma vida feliz para as bichinhas, com direito a passear à vontade pelo galinheiro e comer apenas comida orgânica, livre de agrotóxicos. Na Puccini (Staalstraat 21 e Singel 184), nem tente resistir aos chocolates em lindas formas e sabores para comer com os olhos, o nariz e a boca.

O charmoso interior do Gartine.

Uni-duni-tê para escolher entre as tentações do Puccini

Safadeza com estilo.

Se a diabinha que vai no seu ombro estiver interessada em um pouco de sexo, drogas e rock’n’roll, a Nana Sex Shop (Warmoesstraat 62, esquina com a Oude Brugsteeg) tem brinquedinhos eróticos de design que parecem ter sido fabricados pela Apple. Para conhecer um Cofffee Shop, se quiser mais de tranquilidade, procure o La Tertulia (Prinsengracht 312), pequeno e aconchegante, administrado por duas senhoras: mãe e filha. Se preferir agito, sugiro o badalado De Dampring (Handboogstraat 29), que foi locação do filme com o maior número de galãs por metro quadrado de película de Hollywood: o Ocean’s Twelve. A fama faz com que fique cheio, mas só de imaginar Matt Damon, Brad Pitt e George Clooney ali, a progesterona de qualquer mulherzinha já começa a ferver.

Last, but not least.

–       Como perder tempo em fila não é coisa de mocinha descolada, saiba que vale a pena comprar ingressos pela internet para as visitas mais concorridas, como a Casa de Anne Frank, o Rijskmuseum e o Van Gogh Museum.

–       Em Amsterdam, São Pedro quase nunca colabora. Esteja preparada com uma bonita capa de chuva e galochas descoladas.

–       Se souber andar de bicicleta, adote o meio de transporte. Você chega muito mais rápido em qualquer lugar, descobre mais da cidade e se locomove como uma verdadeira local. Uma das locadoras mais famosas é a Mac Bike.

Bicicletas na ponte.

E para terminar: simpática e feminina decoração de um Houseboat (ou casa-barco).

7 comentários

Filed under Amsterdam

7 responses to “Amsterdam para meninas.

  1. Que maravilha seu blog, Aline! Cheguei aqui através do site do Ricardo Freire. Obrigada pelas dicas sobre Amsterdam! Não sabia do museu de bolsas…só esse já vale a viagem…heheh

  2. patipapp

    Já tinha passado por aqui por causa dos posts de viagens com crianças, mas desta vez estou indo viajar sem os pequenos. Depois da minha super trip com os peuqenos para a Tailandia, sexta feira embarco para Amsterdam numa viagem de gente grande. Adorei ler teu post para sentir o clima do que vou ver por la!!

    beijos

    http://coisasdemae.wordpress.com

  3. Cheguei aqui viajando pelos blogs e amei as suas dicas.
    Parabéns, bjos

  4. Gil Melo

    Adorei o seu post sobre Amsterdam. Estou planejando viajar para lá em fevereiro e por isso estou lendo tudo sobre o assunto. Voces acham que fevereiro é um bom mes? Há alguma época melhor em termos nao somente climáticos, mas também financeiro?

    • asvoltasqueeudoupelomundo

      Que delícia, Gil. Amsterdam é linda demais. Fevereiro é auge do inverno, com tempo frio e chuvoso, podendo chegar a negativo. Por isso é mais vazia e um pouco mais barato, mas saiba que é uma cidade sempre procurada pelos turistas e nunca barata. Se você não se assusta com frio (eu não me assusto), se agasalhe muito bem e use uma última camada de roupa (e também sapatos) impermeáveis para não deixar de fazer nada. Lembrando que a dica do impermeável vale para qualquer época do ano, já que sempre chove na cidade. Se puder ficar numa casa barco e alugar uma bicicleta sua estadia será ainda mais incrível! Beijos.

Deixe uma resposta para Patrícia C. Cancelar resposta